quinta-feira, 31 de julho de 2008

Poder continua a morar no Olimpo...

Polémico ou não e depois de toda a triste história - em todas as suas vertentes - sobre o desaparecimento da Maddie, tinha que ler este livro.

MaddieDuas conclusões tirei:
1. Como defende Gonçalo Amaral, confirmei a convicção, que já tinha, de que Maddie morreu na noite do seu suposto desaparecimento. Terá caído, e assim morrido acidentalmente, ao tentar transpor uma janela do apartamento onde se encontrava a passar férias, morte esta encoberta pelos pais por terem receio de serem acusados por negligência em termos de vigilância e, assim, ficarem com as suas vidas destruídas, tanto profissional como particularmente.

2. Igualmente grave e em outro aspecto, o comprovar a possibilidade de pessoas - como neste caso os pais - quando detentoras de fortes ligações com o poder conseguirem manipular a verdade ao ponto de a encobrir, como foi o caso.

Rapidamente e logo após a conclusão da leitura deste livro, veio-me à memória a também tristemente célebre odisseia da Casa Pia que, por certo, irá ter um final idêntico, ou seja, encerramento do caso por razões idênticas.

E este são casos que, por serem tão gritantes, se tornam mais visíveis...imagine-se agora todos os outros que nem sequer sonhamos...

A vida continuará sempre a ser assim... dois pesos, duas medidas... "justiça" apenas para alguns... o poder, esse, continua a morar no Olimpo...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Separação... by vinicius de moraes

  

                            tempestade

Voltou-se e mirou-a como se fosse a última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história de amor, que é a história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.

Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência do cores é completa em todos os instantes de separação.

Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.

Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele saparada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.

De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...

 

                                     

sábado, 26 de julho de 2008

terça-feira, 22 de julho de 2008

In/Dependências...

 
Hoje envolvia-me com este livro "Já ninguém morre de amor" e divagava pelas sempre tão complicadas relações entre homens e mulheres... Diz o livro que ainda se morre de amor hoje em dia, e com maior intensidade quando tal acontece por parte do homem... Será justo dizê-lo, maior intensidade quando tal acontece por parte do homem? não sei...

A verdade é que me ocorreu toda a evolução entre o relacionamento dos dois sexos ao longo dos séculos ou, melhor dizendo, milénios. Todo o caminho percorrido até aos dias de hoje em que a mulher - pelo menos nos países mais desenvolvidos - passou a ocupar um lugar mais ao nível do homem. Digo "mais" pois e de forma alguma o é ainda em pleno.

Recordo os tempos em que o homem partia para as guerras, todo ele macho e de espada em punho (hoje a espada passou a ser substituída pelo seu carro quanto mais potente melhor) enquanto que a mulher, submissa, esperava pelo regresso do seu homem e senhor. Longo caminho então percorrido até aos dias de hoje em que, nos tais países pretensamente desenvolvidos, assiste-se já a uma forte aproximação entre homem e mulher em termos de independência. Cada um deles passou a ter a sua capacidade de subsistência, economicamente falando, diminuindo ou terminando a dependência da mulher sob o homem.

Até há poucos anos atrás - algumas décadas - o homem trabalhava  e a mulher contribuia, com seu trabalho desvalorizado, na manutenção da casa e educação dos filhos enquanto que o macho ganhava o dinheiro e o ia deixando em casa parte, a seu bel prazer, como se de migalhas se tratassem, numa humilhação tantas vezes inconsciente da mulher. E aqui falamos em regra e não de excepções.

E que acontecia quando algo corria mal na relação? Pois a mulher tinha que submeter à vontade, escravatura e caprichos do macho por não ter modo de subsistência que não dentro daquela relação. E quanto mais tarde tal acontecesse, menor as possibilidades de inverter tal situação por parte da mulher. Reiniciar uma vida, sem grande formação, com idade por vezes já avançada, não dava grande espaço de manobra que não se sujeitar à escravatura.

Por tudo isto digo que a mulher, paralelamente ao homem, deverá sempre procurar uma situação de independência económica que lhe permita  sentir que está ao lado do homem apenas porque quer e não porque não tem alternativa. Toda a relação pode viver apenas, saudavelmente, quando baseada no desejo de duas pessoas estarem juntas por sua livre vontade e não condicionadas por esta ou aquela razão. É que o coração não se comanda...

E mais não digo. Saiu-me esta divagação. Assim, just like that.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Violência doméstica

Desta vez, nem vale a pena qualquer comentário a não ser que, juntamente com a escravatura, a violência doméstica é das formas mais baixas da condição humana...

sábado, 12 de julho de 2008

Casal corajoso e Drogas leves...

sarkozy-bruni

1. Realmente admiro a coragem  tanto de Sarkozy como da sua mulher Carla Bruni, ao concordarem com algumas das letras das músicas do seu novo cd agora lançado "Comme si de Rien n´Était".

E aqui vão dois excertos que dão para entender o que quero dizer:

"Sou uma criança de 40 anos, apesar dos meus 30 amantes" (faixa Je suis une enfant)

"És a minha droga. Mais letal que a heroína afegã, mais perigosa que cocaína colombiana. O meu homem, enrolo-o e fumo-o" (faixa Tu Es Ma Came)

Ou então, ainda "és o meu homem, o meu senhor, a minha orgia"

Este cd está disponível no site da Carla Bruni para ouvir online.

 

2. E a propósito ou não, a nova lei do tabaco/fumar entrou em vigor na Holanda - país conhecido pelo liberalismo de drogas leves - e em que passou a ser proibido fumar qualquer tipo de tabaco em locais públicos, incluindo os "famosos" caffee shops em que se vendem e consomem charros. Isto quer dizer que a partir de então passou a ser apenas possível fumar erva (cannabis) no seu estado puro. Imagine-se o resultado!!!

E engraçado um comentário de um gerente de um desses inúmeros coffee shops: "In other countries they look for the marijuana in the cigarette. Here they look for the cigarette in the marijuana"!

E tais coisas fazem-me pensar: verdade que cada país/povo tem os seus costumes... sim... mas vivemos num planeta global... assim sendo, será errado, em determinados aspectos, poder adoptar algumas práticas e costumes (pensando mais na parte moral, diria eu) de outras paragens... ? Não me parece que o seja embora reconheça nisso alguma complexidade que só poderia ser explicada por uma psicologia de massas...

terça-feira, 1 de julho de 2008

casamentos / relações ...

 

marriage-trouble-1 

bem me parece que os casamentos/relações  não acabam, na realidade, por infidelidades,  sejam elas de que tipo forem;

isso será apenas um sintoma  de que algo está mal...