Esta reflexão que aqui coloco hoje foi o meu segundo post e que sempre o achei muito especial. Por saber que raramente os post mais antigos são lidos e por ter uma grande vontade de o partilhar com todos, coloquei-o hoje aqui, como post mais recente.
Quanto a mim, fez-me pensar um pouco mais na forma de compreender as pessoas e aceitar, mais facilmente, as nossas naturais fraquezas, características da condição humana...
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Há tempos atrás, tive a sorte de me deparar com um texto - que a seguir transcrevo - no já desaparecido Independente e que, desde então, tem funcionado um pouco como semáforo - com suas luzinhas verde, amarela e vermelha - para regular o trânsito das minhas emoções, evitando assim alguns desastres que, de outro modo, poderiam ter ocorrido, desastrosos e desnecessariamente. Sendo eu uma pessoa de paixões fortes que a vida não tem conseguido suavizar, vi, subitamente, surgir à minha frente um espelho no qual se reflectia uma expressão um pouco incrédula, marota mas sorridente, como se me apontasse um dedo, dizendo: "vês, menino... descansa... afinal não tens razão para te sentires assim tão mal quando dizes uma mentirinha ou omites alguma coisa... só não podes é abusar ao ponto de ferires os sentimentos de alguém..."
Dá para reflectir e procurar o nosso espelho, não é ?
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O lado escuro da mente
- Na história infantil do Pinóquio, o menino/boneco de madeira não teve muita sorte. A moral que o conto quer revelar até é muito positiva, mas a verdade é que se o nariz crescesse a todos os que mentem ou têm por hábito omitir alguns factos, quantos não andariam a esconder o nariz ou desejariam ficar sem ele. O director do Instituto de Ciências Cognitivas e Psicologia Evolutiva da Universidade de New England, nos Estudos Unidos, refere mesmo que a mentira faz parte do ser humano e não há como desencorajá-la. E nem precisamos de abrir a boca. Isto é, basta maquilhar-nos ou adotarmos atitudes diferentes das que temos diariamente, ou então ocultar alguma informação importante que acaba por mudar todo o rumo de uma tomada de decisão. Em qualquer um destes momentos, na opinião do especialista norte-americano, estamos a representar e a esconder o nosso verdadeiro "eu". E a culpa é da própria sociedade, da tal selecção natural que é imposta e exigida com toda a naturalidade. As máscaras. Autor do livro "Porque mentimos?", o especialista vai longe na sua análise e conclui que os mais fortes são quem mais mente. Surpreendido ? Talvez não. E sabe porquê ? "Os humanos mentem porque é uma das suas características básicas. Por conseguinte, a mentira também acaba por pôr em evidência a capacidade intelectual individual e o poder que temos de convencer e persuadir os outros", afirma David Livingstone Smith. No dia-a-dia, a experiência fala por si. "Não é a primeira vez que o meu chefe me pede ajuda para preparar uma apresentação. Como é óbvio, deixo tudo para trás, porque os prazos dele são sempre muito apertados. Escusado será dizer que, depois de tanto trabalho, muitas vezes nem recebo um obrigado, quanto mais uma nota de agradecimento pública", conta António R., funcionário público. Clara A. prefere narrar um caso de vida pessoal."Não entendo porque se continua a valorizar mais as pessoas que andam cheias de peneiras a mostrar os telemóveis topo de gama ou as vestimentas de marca do que quem realmente se preocupa com os outros", refere ao "Saúde". Mas a dúvida mantém-se: porque mentimos? "Para obter algum benefício, poder, "status", dinheiro ou sexo. A mentira ajuda-nos a conseguir aquilo que desejamos, mediante a manipulação e a exploração dos outros", continua o psicólogo numa entrevista ao "El Mundo". Daí, avalia, "os maiores mentirosos são quem melhor joga na tabuleiro da vida". Bonzinhos para quê? Por isso a mentira surge de forma tão espontânea que deixa todos de boca aberta. E o hábito por vezes está de tal modo entranhado que a mentira sai inconscientemente. "De facto, a questão de ser-se mais ou menos honesto para conseguirmos vencer é algo que o indivíduo constrói ao longo da vida. Isto é, tornamo-nos adultos menos honestos se em criança nos educarem sem valores e sem a noção da honestidade", diz ao "Saúde" Sónia Neves, psicóloga clínica. Apesar de este ponto de vista ter coerência, facto é que toda a sociedade ruma no sentido de considerar normal a mentira. "Qualquer pessoa que não seja capaz de mentir está em clara desvantagem. Por incrível que pareça, essa pessoa tem todas as hipóteses de não conseguir lidar com a sociedade e auto- marginalizar-se", opina David Livingstone Smith. Não querendo fazer apelo à mentira leviana nem à inteligência maquiavélica, na realidade o psicólogo avalia que a sociedade seria enfadonha se todos fôssemos sérios uns com os outros. "A vida social tal como a conhecemos sofreria um colapso. E aqui reside o curioso: todos desejamos ser livres para mentir mas não queremos ser vítimas dela. Por isso dizemos aos outros que sejam honestos e depois fazemos o contrário", acrescenta. Por isso, conclui que o melhor é deixarmos de ser hipócritas: "É mais sensato fazermos um uso comedido da mentira do que ser demasiado honestos".
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O complicado, depois de ler este texto, é conseguir objectivar, graduando, uma palavra de tão forte subjectividade como "comedido" !!!!! :)))))