Lá na aldeia todos se olham de soslaio. Não há ninguém que não deva dinheiro a alguém. Os negócios estão parados. Completamente parados.
Um carro pára em frente à pensão Estrela. Alguém foi para fora cá dentro. Só pode. Chegado à recepção, o visitante pergunta:
- Tem quartos? Posso ver? - e dizendo isto deixa uma nota de 100 euros sobre o balcão.
- Claro! Manel, mostra tudo ao senhor, mas como deve ser!
Arregalam-se-lhe os olhos ao ver aquela notinha. Dinheiro fresco para honrar compromissos, logo ali jurou.
E corre ao talho, onde paga a conta em atraso. O homem do talho corre a pagar ao seu fornecedor de carne que ao cruzar-se com o veterinário, aproveita para lhe pagar também. Ainda nem no bolso estava aquela nota quando aparece Maria Consoladora a quem paga também. Tão perto estava ela da porta da pensão que logo ali entrou e pôs em cima do balcão os 100 euros que ali devia.
- Lamento, mas não fico com o quarto - disse o viajante pegando na nota que ali tinha deixado.
E todos voltaram a sorrir lá na aldeia...