terça-feira, 7 de julho de 2009

Os mistérios de uma mente

 

Muito se tem escrito acêrca de Michael Jackson, numa homenagem que, polémica ou não, será justa por tudo o que fez e representou. O texto que aqui deixo, da autoria de Joaquim Quintino Aires, psicólogo clínico, Expresso de 4 Juho passado, impressionou-me não só pela análise feita sobre a lenda mas também e principalmente, sobre nós, mente humana, na generalidade. Enquanto lia e relia este documento, transpunha não só a minha pessoa mas também todos os humanos deste nosso planeta.
Sempre dediquei um grande espaço das minhas reflexões às pessoas em si, suas personalidades e relacionamentos. Não podia deixar passar este texto em claro…

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O cérebro humano é um orgão complexo. Resultado de milhões de anos de evolução, nunca está pronto e, para se estruturar e desenvolver, necessita da relação com outros humanos. Humanos que apontem o mundo, os objectos, as pessoas, os sentimentos, os factos e os eventos, de modo a que a imagem de si próprio se construa como um reflexo daquilo que é na realidade. Um reflexo activo, vivo, subjectivo e em constante movimento, que se constrói mais e mais, aproximando-se cada vez mais da realidade. Como “espelho” que serve a esse reflexo, que no fundo será a psique, lá estão os outros.

No afecto que nos dão, nos comentários que fazem aos nossos actos, encontra-se o outro lado da moeda, neste fascinante processo de construção da personalidade. Por um lado entra a força da nossa luta pela sobrevivência e do desejo de sermos amados, pelo outro a força da resposta que nos é dada por cada humano que nos é significativo. Do encontro das duas forças resulta esse reflexo psíquico, a personalidade, que não é mais do que uma descrição de nós mesmos para nós mesmos. E é com a personalidade,e pela personalidade, que agimos no mundo.

Michael Jackson mostrou ao mundo a brutalidade deste encontro de forças. Capaz de maravilhas que provovaram em tantos outros uma resposta que, porque criança, ainda não conseguia acolher. Vazio do afecto que os seus mais próximos não lhe souberam dar. Inteligente, aprendeu cedo a expressar com mais força a sua luta pela sobrevivência e o seu desejo de ser amado. E recebeu cada vez com mais força a resposta de tantos outros, que não sabia acolher. Parece que só não preencheu o vazio de afecto que os seus mais próxims nunca souberam, ou não quiseram, dar-lhe.

Incapaz de construir uma representação de si, acredito que não tivesse memória das plásticas que negava ter feito. Prisioneiro de uma solidão que poucos humanos conheceram, reagiu com euforia, expressão desesperada do vazio depressivo. Foi com angústia que assisti a uma reportagem sobre compras que mais parecia um surto maníaco. Restou-lhe entâo dar a outros com a força do desespero de quem precisa que lhe deêm. Por isso não temos dados suficientes para contar as associações de solidariedade que ajudou.

Mas o cérebro nunca confunde bens materiais com afecto, por isso conseguem ocupar o lugar deste. Voltou-se para a experiência mais profunda do conforto: o aconchego de uma mãe e de um pai. Fez dos dois e levou crianças para a sua cama, oferecendo-lhes o que certamente mais desejava que lhe dessem. Como psicólogo clínico, acredito absolutamente que apenas lhes deu afecto. O primitivo afecto que nunca teve e que, se em falta, não permite passar para o afecto de adultos.

“Bad” foi apenas uma música. Mas talvez ele nunca tenha percebido !
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 Michael Jackson – Bad (Vídeo)

Your butt is mine
Gonna tell you right
Just show your face
In broad daylight
I'm telling you
On how I feel
Gonna hurt your mind
Don't shoot to kill
Come on.
Come on.
Lay it on me
All right...


I'm giving you
On count of three
To show your stuff
Or let it be...
I'm telling you
Just watch your mouth
I know your game
What you're about


Well they say the sky's the limit
And to me that's really true
But my friend you have seen nothin'
Just wait 'til I get through...


Because I'm bad, I'm bad.
Come on.
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad.
You know it.
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad.
Come on, you know.
(Bad bad-really, really bad)
And the whole world has to answer right now
Just to tell you once again,
Who's bad...


The word is out
You're doin' wrong
Gonna lock you up
Before too long,
Your lyin' eyes


Gonna tell you right
So listen up
Don't make a fight,
Your talk is cheap
You're not a man
You're throwin' stones
To hide your hands


But they say the sky's the limit
And to me that's really true
And my friends you have seen nothin'
Just wait 'til I get through...


Because I'm bad, I'm bad.
Come on.
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad.
You know it.


(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad.
You know it, you know.
(Bad bad-really, really bad)


And the whole world has to answer right now
(And the whole world has to answer right now)
Just to tell you once again,
(Just to tell you once again,)
Who's bad...


We can change the world tomorrow
This could be a better place
If you don't like what I'm sayin'
Then won't slap my face...


Because I'm bad, I'm bad.
Come on.
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad.
You know it.
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad.
You know it, you know.
(Bad bad-really, really bad)


Woo! Woo! Woo!
(And the whole world has to answer right now
Just to tell you once again)


You know I'm bad, I'm bad.
Come on.
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad.
You know it - you know it.
(Bad bad-really, really bad)
You know, you know, you know, you know, come on
(Bad bad-really, really bad)
And the whole world has to answer right now
(And the whole world has to answer right now)
Just to tell you once again,
(Just to tell you once again,)


You know I'm smooth, I'm bad.
You know it.
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad baby.
(Bad bad-really, really bad)
You know, you know, you know it, come on
(Bad bad-really, really bad)
And the whole world has to answer right now
(And the whole world has to answer right now)
Woo!
(Just to tell you once again,)

You know I'm bad, I'm bad.
You know it.
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, you know hoo!
(Bad bad-really, really bad)
You know I'm bad, I'm bad you know it, you know
(Bad bad-really, really bad)
And the whole world has to answer right now
(And the whole world has to answer right now)
Just to tell you once again,
(Just to tell you once again,)
Who's bad?

3 comentários:

Red Light Special disse...

O psicólogo Quintino Aires tem uma incrível capacidade de tornar suaves as realidades brutais dos nossos "jardins secretos", ante-salas recôndidas da nossa mente. Gosto de o ler e ouvir.
Obrigada por este texto :)
Red kisses to u***

Anónimo disse...

O afecto… chegou de mansinho, tímido e olhou-me ternamente …debruçou-se estendeu os braços pegando-me com medo e embalou-me …nem sempre me pegava com a mesma intensidade ou a mesma doçura, nem sempre tinha a mesma forma, mas foi-me dando alimento… percebi que gostava, era agradável, cheirava a pele, enroscava-se e instalava-se numa quietude morna. Dava-me força, fazia-me crescer.
Nesse caminho, alturas houve em que não o entendi….Tomou várias formas… metamorfoseou-se, foi agressivo, intolerante, questionável…percebi mais tarde que me encaminhava para a vida, umas vezes aos empurrões, outras mostrando-me várias portas, deixando antever de forma velada o que lá estava, outras ainda foram grandes abraços, palavras, olhares, toques.
O afecto assumiu várias formas, tamanhos e cheiros…de várias identidades, tornou-se tão importante como o ar que respiro, percebi a importância da partilha com os outros, mas mais que tudo da dádiva, pura, incondicional (para os eleitos!) Sabe tão bem! Sabe tão bem! Confesso que às vezes há problemas nas gerências do afecto…. Infelizmente não vem com livro de instruções…
Pensando bem, se viesse …. Perdia o encanto!por isso tem aquele sabor especial agridoce...


marialterego

Anónimo disse...

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