domingo, 28 de junho de 2009

Idealismos…

 

Uma notícia fez-me recordar algumas cenas de séries televisivas americanas ligadas à saúde: doentes que davam entrada em hospitais eram, desde logo, questionados se  possuiam seguros de saúde e, em caso negativo, como poderiam pagar qualquer assistência ou intervenção mais séria que lhes fosse feita. Tudo se faz nos USA, sim, mas desde que se tenha dinheiro.

O sistema de saúde americano passa por seguros privados de saúde, negociados pelas empresas para os seus empregados que queiram aderir e cujo valor mensal pago por estes será inferior ao cobrado aos europeus, por via de impostos. Um sistema privado, portanto. Para os pobres, idosos/aposentados, deficientes e outros, o estado suporta as despesas através de dois sistemas oficiais, controversos por razões diversas.

Foi por este motivo que fiquei surpreso ao ler a tal notícia - e num país deste, supostamente o mais desenvolvido do mundo – no American Journal of Medicine, em que dizia:

“60% de todas as ruínas financeiras nos Estados Unidos, em 2007, deveram-se a despesas de saúde e em que três quartos dessas famílias tinham seguros de saúde”.

Em outro local, raparei nos valores anuais que os médicos por lá ganham, em média, anualmente: € 146.131 no caso de médico de família, € 258.292 um cirurgião e € 445.593 um neurocirurgião. Isto para não falar nos valores altíssimos cobrados pelas clínicas e medicamentos.

Na Europa e em Portugal, em particular, é o que sabemos. Diz a nossa constituição que todos temos direito a assistência de saúde gratuita, digna e eficaz e eficiente (esta de “eficaz e eficiente” são palavras minhas que tirei  do sentido geral do tal artigo da constituição). Bullshit! ou então Kiss my ass! como dizem os americanos. Em português, ora foda-se!

Há uns tempos, a minha filha partiu uma mão e, apesar de ter uma família de médicos, não quis recorrer a nenhum deles. Porque  (1) não gosto de pedir favores (2) quando se pede um favor, depois nunca se pode reclamar (3) fica-se em posição frágil a partir daí, tipo depois a ouvir, mesmo sem palavras “you owe me one” (4) nunca gostei de “cunhas”. E então fui a um hospital público, ou seja, serviço nacional de saúde.

Resultado: minha filha teve que ser operada. Puseram-lhe uma chapa a unir um osso partido. Foram meses de intervenções diversas e esperas sem fim. Depois de tudo tratado, uns tempos depois, começaram a aparecer-lhe dores. Voltámos ao hospital. A solidificação tinha sido mal feita. Era necessário partir o osso, retirar a chapa, recomeçar tudo de novo. Claro que fugi dali a setenta pés e lá fui falar com um médico da minha família que trabalhava num hospital privado. Teve que se partir o osso sim mas acabou por se resolver tudo e bem.

Enfim… armei-me em poeta idealista e o resultado foi o que foi. Isto no meu caso. E as outras pessoas que não têm alternativa…? têm que comer e calar…

 

Dia hoje dos espantos: como é possível o Cavaco aceitar marcar eleições paras as legislativas e autárquicas em dias diferentes, 27 de Setembro para as legislativas e 11 outubro para as autárquicas? praticamente, com 15 dias de diferença. Para algumas coisas, as economias de recursos  são importantes. Para outras, não (como dizia ao Almeida Santos). É tudo relativo, dependendo dos interesses de cada um.

Como diz um amigo meu…. E assim vai o mundo e eu acrescento (mais uma vez): Ora foda-se !!!

5 comentários:

Anónimo disse...

Pois, só que ao menos cá, existe a possibilidade do tal sistema de saúde público. Que pode funcionar mal por uma questão óbvia de probabilidades - não há nada que funcione a 100% - mas que de forma geral corre bem porque senão andávamos todos doentes. Claro que é bom ter alternativas. Mas prefiro mil x ter o sistema português, que o americano.

t3resopolis disse...

uma perfeita vergonha, não me envergonho de aqui ter nascido, tenho vergonha sim, pelas diferenças pelo não saber o que fazer, pelos dias que tenho, por um viver mais justo..

fico triste com relatos destes, por saber que aí fora existe um mundo que não tem..

não sou melhor que eles..

revoltante.. é só.

t3resa

Anónimo disse...

puseste-me sal na ferida..... :)
"discussão" de horas...com vodka limão, se já não tiveres de ressaca...ahahaha.

Direito á saúde, educação etc...imprescindivel ... é para isso que pago impostos...(julgo eu... mas tambem sei que sou naif!)
agora vamos á saúde privada e pública...
Pressuposto:
Bons e maus profissionais existem em todo o lado!

Conheço bem as duas realidades... em situações de risco, de urgência ou de cuidados intensivos , quero o público... num hospital geral, prescindindo do conforto e dum tratamento mais acolhedor ou educado...mas aí o que conta é que me estabilizem e deixem viva!!!
privado. para consultas de rotina e situações menores...
a minha filha foi operada a um ouvido no privado porque o otorrino só faz privado... e... depois de pagar uma caução exorbitante, veio de lá com uma infeção brutal com pseudomonas( bactéria hospitalar)(incúria da instituíção, sem nunca haver um pedido de desculpas...), que lhe escorria pelo ouvido abaixo...tive que lhe fazer medicação injectável diária, durante 15 dias... nunca vi outro profissional de saúde que não o otorrino ...e o anestesista antes da operação....isto numa reputada clinica da nossa praça....
pari no público(2x)nunca disse que era profissional de saúde....por opção! partilhei quarto e wc... não tive conforto...mas...quando foi necessária a cesariana por sofrimento fetal... demorou dois minutos.. anestesista pronto e cirugião de bisturi na mão que me esventrou de alto a baixo...mesmo a tempo de fazer a reanimação! Num privado...não teria havido tempo!!!nem neonatologista tão rápido!
Se gosto de mordomias? se não gosto de esperar? se gosto que me tratem com educação? claro! não podendo ter tudo... opto pelo público... maior abrangência de profissionais e cuidados disponiveis!
Nem sempre tudo corre bem... sei!mas julgo que não terá a ver com público ou privado...mas com a consciência dos profissionais...e a nossa... porque temos o dever de exigir o que temos direito... e muitas vezes por ignorancia ou comodidade não o fazemos... e alimentamos o sistema! ufffffff... ainda ficou tanto por dizer.... e faltam assentos e pontuação!

beijo asséptico da marialterego

JCA disse...

Olá!

A saúde como bem essencial que é, as discussões são muitas.

compararmos o nosso Portugal com os EUA, bem, não tem grande comparação, ou melhor as comparações são desfasadas até que ambos países vivem em realidades diferentes.

Nos EUA vigora o principio da propriedade privada, e tudo é privado, e quem se meter à frente leva um tiro.

por cá, o principio da propriedade privada é um pouco mais pacífico, e não vigora de modo algum o conceito americano.

De facto o nosso sistema de saúde é uma enorme merda,MAS é aquele que temos E acima de tudo, o nosso direito a sermos tratados num Hospital público não é posto em causa por não termos um seguro de saúde melhor que possa cobrir tudo e mais alguma coisa.

A opção seguro de saúde em Portugal, permite-nos sermos atendidos num hospital privado onde imperam outras condições (mas também os preços que por lá andam... upa, upa)

todos nós gostaríamos que a saúde, e a justiça fossem para todos, e da mesma maneira, em parte, e de uma maneira um bocado poética até são, mas quem de facto tem dinheiro pode pagar melhor certas coisas quem não tem contenta-se com o que lhe dão.

Pode de facto não ser grande coisa, mas comparado com os americanos é alguma coisa, afinal não precisamos de ter um qualquer seguro de saúde para sermos tratados num hospital público de uma simples gripe, ao contrário deles que até para isso têm que ter um seguro.

Depois, há países como cuba, em que tudo é grátis e a coisa até funciona.

Qual é o melhor? Tudo dependerá de onde vivemos, de onde queremos viver, e da maneira como queremos e aceitamos viver.

Cumprimentos provocantes

DoisaboresEle disse...

Os sistemas não são perfeitos...Foram criados por homens e mulheres que não são perfeitos.
Já precisei de usar por diversas vezes o nosso sistema público e não tive queixa nenhuma...
Pari no público mas os meus filhos são seguidos no privado...
Diria que há coisas boas e más nos 2 lados. Há que tentar melhorar tb nos 2 lados...
Beijos