domingo, 4 de outubro de 2009

Declaração de Voto

 

Já anteriormente aqui deixei expressa a minha aversão por discussões, no mau sentido da palavra. Versem elas o tema que seja, simplesmente não gosto. Estou sempre na minha e aceito que cada um possa estar na sua. A aversão aumenta quando se trata de temas como religião ou e principalmente, política. Subjectividades são coisas que merecem e têm que ser respeitadas.

Vem esta declaração a propósito de um comentário que li no Expresso desta semana sobre investimento em Portugal a que o autor, Nicolau Santos, chamou “Investir no Manicómio” e que mais à frente transcrevo.

Dizem as regras da democracia que o voto é secreto. Sim sim, deveria ser e até levava a sério tal regra há anos atrás quando ainda acreditava ou tinha esperança que a política poderia ser algo de muito sério. Só que a política é feita por pessoas – leia-se condição humana -  e, quando não existem métodos de controlo muito sérios e eficazes, o descalabro é total pela procura constante de benefícios pessoais, esquecendo tudo o resto.

O voto tem sido algo hilariante, com escolhas que nada têm a ver com os programas de cada partido ou candidato. As opções de voto vão mudando de eleição para eleição ao sabor do chamado “voto útil”. Eu próprio já votei em vários partidos e, ultimamente e para não me acusar de preguiça ou de um “não te queixes agora porque nem votar foste”, tenho votado em branco. Ou seja, através do boletim de voto, anuncio ao mundo que estou farto de todos eles, não colocando a minha cruzinha em qualquer partido.

Este ano foi diferente. Nunca votei no PCP nem no Bloco de Esquerda. Resta-me, portanto, CDS, PSD e PS. Já andei por todos eles. Desta vez, só me resolvi dois dias antes das eleições (falamos de legislativas 2009). Fui pensando… O Paulinho dos submarinos e das feiras, não dá para pensar pois é um partido  em que tudo gira à volta de uma só pessoa. PSD tem andado virado ao contrário, vivendo das suas lutas internas (Ferreira Leite a dar tau tau ao Passo Coelho e, por consequência, a todos os seus seguidores), principalmente desde que o Barroso foi à sua vida e deixou o Santana dos viadutos em seu lugar. PS é complicado mas, pelo menos, haja quem mande e, neste caso, lá anda o Sócrates – mal ou bem – em todo o seu esplendor. No mínimo, as responsabilidades estão assumidas, com a maioria que teve estes quatro anos, sem assim haver motivo para invocar culpas aos outros partidos. E, por todos estes motivos, resolvi votar PS desta vez, numa tentativa de ajudar a alcançar uma nova maioria que, a não ser conseguida, iria conduzir – como já está a conduzir – a uma bagunça sem precedentes e que em nada faz falta a este período de “início de saída da tão e bem chamada crise internacional”. A maioria não foi alcançada, todos os outros partidos reclamaram vitória por tal motivo, todos muito contentes, e agora “todos” se lamentam com o cenário pelo qual votaram. Realmente, é, no mínimo, hilariante !!!

Moro em Lisboa e, quanto às eleições das autarquias, fico também um bocado confuso. Vejo um António Costa a mandar, nesta altura, carta aos seus funcionários dizendo que os vai aumentar com rectroactivos desde Janeiro 2009 enquanto o Santaninha maluco e dos viadutos aparece como possível alternativa. Lembro que António Costa diz que vai melhorar transportes públicos – pelo menos, diz – e isso sim, seria uma bela solução. Só que, com tudo o mais que tem feito, lá fico outra vez a pensar se vou votar em branco ou nele. Se nele, a ideia seria uma maioria absoluta para depois não ter desculpas que foi impedido pelos outros partidos de não ter feito mais porque não o deixaram. Enfim, a mesma lógica das legislativas.

Porra ! Acho mesmo que algumas regras na dita democracia deveriam mudar. Posso estar a dizer grande asneira mas se o partido vencedor, independentemente das percentagens, pudesse governar, durante o período para que foi eleito, como maioria, tudo seria bem mais fácil. Claro que teriam que existir mecanismos de controlo mas que seria bem mais fácil, isso sim.

Poderia alongar-me bem mais mas não vale a pena. É a tal coisa… discussões de política são sempre endless… e, neste meu caso, foi mais uma opinião, talvez um pouco distorcida pelo tal comentário que falei acima e aqui a seguir transcrevo:

Investir no Manicómio

Imagine que chega a um país interessado em investir e lhe dizem que o Presidente e o primeiro-ministro estão politicamente em guerra aberta. Que o Governo recém-eleito pode cair dentro de seis meses a dois anos. Que o Presidente da República pode não ser reeleito dentro de dois anos e meio. Que a economia está numa profunda recessão (3,7%) que o défice orçamental  rondará os 7%, que o desemprego atinge 600.000 pessoas numa população activa de 5,2 milhões, que o endividamento líquido externo duplicou numa década e representa mais de 100% do PIB (produto interno bruto, para quem não saiba ou se recorde – nota de shelyak). Que faz você ? Nem sai do aeroporto. Regressa ao seu país no primeiro voo que houver.

Infelizmente, este país é uma ficção. Mais infelizmente é o nosso. E, no plano económico, a imprevisibilidadde é absoluta. O que vai acontecer com os grandes investimentos públicos ? Avança o TGVe é adiado o novo aeroporto ? E a terceira travessia do Tejo ? Todos os outros compromissos se mantêm (novas concessões rodoviárias, extensão das redes dos metros de Lisboa e Porto, dez novos hospitais públicos, novos compus de Justiça e novas prisões ? Ou o apoio (e/ou abstenção) do PSD e CDS à proposta do orçamento do EStado 2010 implicará , como contrapartida, que o PS deixe cair algumas destas obras ?

E que Orçamento vamos ter ? Um que continue a apoiar empresas e famílias face à crise e ao desemprego ? Ou, à semelhança de Espanha, vai haver desde já subida de impostos e diminuição de benefícios fiscais ?

A crise já tinha levado os agentes económicos a serem muito prudentes. A instabilidade política vai agravar esta prudência – e os investimentos serão adiados de novo. O resultado, inevitável mas muito pouco desejável, é que a nossa retoma ocorrerá depois e de forma mais lenta que a dos outros países europeus. Ninguém investe em manicómios.

8 comentários:

Anónimo disse...

Não concordo de todo com a tua visão das coisas... propões que se volte ao tempo do absolutismo puro??? Sim, porque se quem governasse o fizesse sempre com maioria absoluta seria no mínimo o caos. Não teriam de dar ouvidos a quem não partilha os mesmos ideais, o que eu acho inconcebível. Voltariamos ao tempo de Salazar e esse já morreu (graças a deus).

Shelyak disse...

Um olá para ti, Jace.
A ideia não seria voltar ao tempo do absolutismo, invocando Salazar. A ideia seria sim, pelo período de governação - neste caso, 4 anos - dar a responsabilidade a quem foi eleito sem que assim possam evocar desculpas do tipo "não fiz mais e melhor porque não me deixaram", que é o que normalmente acontece. Ou então, entrarem em jogadas para deixar cair governo para depois tentar a tal maioria absoluta ou outras percentagens dos partidos no governo.
Seria um pouco como nas empresas em que existe sempre um CEO (chief executive officer) mas que pode ser sempre demitido ou controlado pelo presidente (no nosso caso, Presidente da República ou outros esquemas na Assembleia mas isso é já outra conversa ou ainda ambos em conjunto em esquema a ver).
Posso estar errado nesta minha visão mas realmente é dose o que vai acontecer outra vez...
Um abraço para ti :)))

Stargazer disse...

Olá Homem dos Olhos avelã,

Não pude deixar de sorrir a ler este teu post...o mesmo me aconteceu este ano - decidi-me a por de lado o voto útil. Como não me apetecia nada votar numa mulher sem carisma, e com mêdo que o Leite Azedasse, e PS jamais (os meus antepassados erguer-se-íam dos túmulos, deu-me um gozo do caraças votar no Paulinho das Feiras. Ah pois é, assumidamente, mas ao menos, o homem não esconde o seu ego, como faz o Sócrates, esse sim com um ego imenso escondido debaixo do manto da solidariedade social, mas o que é dacto é que quem se lixa com os impostos é afins fomos nós nestes últimos 4 anos!

Anyway, relatovamente às autárquicas, eu estou como tu. Mas sabes em quem votaria? No político que proíbisse a merda de cão nos passeios de Lisboa. Ou melhor, no que proíbisse os cães em Lisboa de uma vez por todas, ou obrigasse os donos a apanhar a merda dos ditos bichos, sob pena de multas altíssimas (mas que fossem mesmo aplicadas, não é como agora). De todas as cidades da Europa que conheço, e são algumas, não posso deixar de perguntar-me porque é que o cão "Tuga" (ou o seu respectivo dono) tem tanto gosto em deixar a merda nos passeios.

Beijos e dá notícias!

Shelyak disse...

Olá Stargazer!

Pois concordo contigo quando te revoltas contra os donos dos cães que, ao passearem nas ruas, não apanham o que os bichos vão largando. Eu tenho um Golden adorado e, quando saio com ele, levo sempre um saco plástico para assim manter as ruas limpas(pela parte que me toca).
Lei existe contra estas coisas. As pessoas é que não têm a cultura suficiente para a seguir. Algo devia ser realmente feito para impedir que tal situação continuasse.
Dá gosto ver em Paris, por exemplo, os animais andando pelas ruas e entrarem mesmo em lojas sem qualquer problema, ao contrário daqui. Só que, por lá, a responsabilização dos donos é total, como deve ser.

dermatologistested disse...

hummmmmmmmm...gosto destes temas...votar... claro que sim, um direito e uma obrigação, pelo menos para depois podermos contestar... (sou sempre da oposição..:)))
maioria ou não maioria?? com maioria é muito mais fácil... a sabedoria está em saber gerir a não maioria...as desculpas de não me deixaram... reflectem mmaus politicos....ou seja ..o que já estou habituada....

Anónimo disse...

Os cães não podem ser responsabilizados porque não são racionais, deixe isso para as pessoas.
Os animais não têm culpa e nem fazem parte desta classe nojenta de humanos, á qual, vc Star..... tb faz parte.
Escolher um candidato pela limpeza dos passeios, quando Portugal está cheio de problemas gravíssimos de saúde e educação, é muito tonto.
Eu votaria em alguém que probisse a merda humana por todo o lado!

Anónimo disse...

Homem de olhos de avelã tambem é bom, pena é que nem é original.

Dolphin disse...

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