A noite (de sono) não tinha sido muito boa. Tinha jantado bem e continuado melhor depois de uns copos e cigarrilhas a acompanhar. Quanto a estes últimos, foram um abuso mas cujos reflexos se fizeram sentir durante a noite de sono. Bem maus. Má disposição e pulmões aparentemente entupidos. Lembrei-me de que já duas noites antes a coisa não tinha corrido muito bem.
Há tempos que vinha já a sentir algumas dificuldades em respirações profundas e espaçadas, principalmente à noite, aquando do sono. E sabia claramente que a culpa era do tabaco. Mais disso tinha a certeza quando, depois de sair do ginásio, a respiração era sempre completamente diferente. Parecia que tinha feito uma limpeza geral aos pulmões. O ar entrava e saía facilmente como se de um luxo se tratasse! Até me fazia lembrar a força do Asterix e Obelix quando a construírem os edíficios a pedido da Cleópatra para o César!
E eu, estúpido e apesar de saber tudo isso, talvez uma meia hora depois, lá pegava numa cigarrilha e estragava tudo. A partir daí, o tal ar que havia entrado tão facilmente nos pulmões há meia hora atrás, e que contribuia para a tal sensação de nos sentirmos donos do mundo sempre que saímos de uma sessão puxada de ginásio, desaparecia.
Sei que o cheiro a tabaco não é coisa muito boa embora tivesse tentado minimizar com a substituição dos cigarros por cigarrilhas. Melhorava mas não muito. Admiti que as cigarrilhas fizessem menos mal que os cigarros o que realmente acontece, mas a merda é toda a mesma: seja ela mais ou menos, não deixa de ser merda!
E aborrecia-me comigo mesmo por me cansar demasiado sempre que corria um bocado mais do que o supostamente normal. Ia-me lembrando também dos cancros de pulmão, doenças afins e, sobretudo, da qualidade de vida.
Até que ontem pensei: Chega! E fui-me mentalizando que poderia ou deveria voltaria a pegar em tabaco. Na altura não sabia se tais intenções seriam apenas sonhos ou pesadelos.
Os dois dias antes foram passados a reflectir no que fazer e se o tal momento que tanto andei a adiar havia ou não chegado. E tomei então daquelas decisões tipo “1 de janeiro” mas que, neste caso, queria que fosse definitiva.
Optei por guardar para mim, a princípio, tal decisão para, no caso de querer voltar atrás, ser bem mais fácil e não ter que dar parte de fraco! :) A única coisa que disse, um bocado mais tarde foi : “Tenho que ir à farmácia comprar duas coisas. Uma delas é daqueles comprimidos que dizem haver para ajudar a deixar de fumar”. Lembro-me que disse isto um bocado a medo e como que não dando grande importância. A ideia era, claro, o não querer comprometer-me com o que havia acabado de dizer.
E lá fui à farmácia. A segunda coisa que comprei foram mesmo os tais comprimidos. Mesmo a pergunta que fiz ao farmecêutico foi gira, sempre com o tal ar de suposto descomprometimento: “Olhe, parece que existem uns comprimidos para ajudar a deixar de fumar. Como é isso e como funciona?” Aí, ele foi buscar uma coisa que não são comprimidos mas sim gomas que têm nicotina impregnada, de nome Nicorette. Têm duas dosagens: 4 e 2 mg. Começa-se com 4 e, mais tarde, passa-se a 2 mg. Recomendou-me mastigar 3 por dia. Cada embalagem tem 30 gomas. Se mastigasse 3 gomas por dia, uma embalagem daria para 10 dias.
E lá me vim embora da farmácia com as gomas com 4 mg de nicotina no saco plástico, juntamente com a primeira coisa que tinha também comprado. A pensar se iria ter uma conversinha com o Gigante Adamastor no Cabo das Tormentas sobre esta porra do “iPhoda-se para o fumar!!!”.
Mastiguei uma goma. Foi mesmo esquisito. Um gosto estranho. Mas neste dia 1 estou a aguentar-me sem pegar em tabaco. E é melhor ir dormir cedo para ver se dá para acabar o dia mais depressa em “smoke free”. E aqui vou eu rapidamente!
Complicado vai ser amanhã e dias seguintes. A ver vamos como será… Se tiver alguma recaída e fugir ao Cabo das Tormentas, prometo que não faço batota e venho aqui confessar-me…