Sozinho na noite um barco ruma para onde vai. Uma luz no escuro brilha a direito ofusca as demais.
E mais que uma onda, mais que uma maré... Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé...Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade, vai quem já nada teme, vai o homem do leme...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser. E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,a vida é sempre a perder...
No fundo do mar jazem os outros, os que lá ficaram. Em dias cinzentos descanso eterno lá encontraram.
E mais que uma onda, mais que uma maré... Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade, vai quem já nada teme, vai o homem do leme...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser. E uma vontade de ir, correr o mundo e partir, a vida é sempre a perder...
No fundo horizonte sopra o murmúrio para onde vai. No fundo do tempo foge o futuro, é tarde demais...
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser. E uma vontade de ir, correr o mundo e partir, a vida é sempre a perder...
E fui viajando, tendo o tempo como meu companheiro e amigo fiel, com tão diferentes comportamentos.. ora rápido como um relâmpago, ora estático e envolvente, como querendo e conseguindo congelar os pensamentos e emoções...
Fomos longe, eu e o meu amigo, até que chegámos a Shelyak, uma estrela bem longe, numa paz contagiante, no seu berço Lyra, uma constelaçãoem que não se é continuamente posto à prova com supostos paraísos e maçãs venenosamente tentadoras... onde não existe malícia, inveja, indiferença, julgamentos sumários... onde o sexo é vivido com alegria, descomplexa e saudavelmente, sem qualquer sentimento de culpa...
Foi um caminho longo, muito longo, feito de doces e amargos, espinhos e assombrado pela utopia... um caminho com avanços e recuos, com revoltas e bençãos, com expectativas e desilusões, com lágrimas e sorrisos... Diluí-me, nesta procura, na luz, e demorámos, à nossa escala do tempo, 882 anos (luz) a chegar. É a minha casa, sinto-me bem. Amigos... tenho-os sim, poucos, é verdade, mas em sintonia absoluta, comungando do mesmo bem estar... Alguns, conheci-os lá, outros, apenas lhes dei a conhecer o caminho...
Poucos voltaram, definitivamente, para a Terra; sentiam-se bem naquela paz, tranquilidade, transparência, onde a Mentira, Inveja, Poder e Hipocrisia não têm lugar; a Verdade, a Justiça, o Amor, a Tolerância, preenchem-lhes todo o espaço, especialmente a Verdade. Ao contrário da sua vivência na Terra - onde é tão mal tratada - aqui, em Shelyak, a Verdade é como o ar que respiramos, faz parte de nós, a palavra dilui-se naturalmente nos nossos Seres, confundindo-se e fazendo parte dos nossos Eu's...
Lembro-me que, lá bem longe, naquele tão pequenino lugar que é a Terra, a Verdade é, e continua a ser, tão reclamada, imposta, como se de um ponto de honra se tratasse para a manutenção de todo o sistema de Vida. Mas, pobre Verdade... Há quem tente seguir essas ideias, essas regras, mas são tantas as vezes que se dão mal; a Verdade, quando lhes é colocada de bandeja, nas mãos, queima, não sabendo o que fazer com ela... e pensa-se, "e agora, o que faço com isto? maldita verdade! queria ter a capacidade de adivinhar o futuro e apenas reclamar e ouvir as Verdade que quero e gosto"...
Mas, infelizmente, as coisas não são assim que se passam no tal grãozinho que nem microscópico chega a ser à escala cósmica, a Terra...
Em Shelyak, não existe o sentimento de Posse e outros que lhe são afins... ficamos felizes por poder disfrutar, partilhar, o espaço, o tempo, a alma, a companhia, o amor,a Vida...
Mas, por vezes, tenho saudades da Terra, sim... vou lá, ocasionalmente, passar algum tempo e ver se algo mudou; agora é mais fácil percorrer aquele tão longo caminho; já lhe conheço alguns truques e armadilhas, o que faz com que seja bem mais fácil evitá-los e assim amenizar a e reduzir o tempo de viagem. Não fico muito tempo por lá, apenas o necessário para sentir saudade de Shelyak. Uma vez por outra, antes de voltar, deixo indicação do caminho, just in case...
Desta vez, agora, estou aqui, na Terra. Vim ver uma das muitas coisas belas que temos por cá: Woody Allen e a sua New Orleans Jazz Band ! Veio tocar no Casino do Estoril, na passagem de ano. Por certo que vai valer e justificar mais esta viagem...
Natal, presentes no sapatinho... minha filha entrega-me o seu, acompanhado de um brillho nos olhos, diferente de tantos outros... era um brilho feliz, expectante... cruzámos olhares, enquanto nos perdíamos em sorrisos; senti que algo de especial se passava, um presente diferente... um pequeno envelope de cores alusivas à quadra, sem volume, fez-me imobilizar durante segundos, como que querendo eternizar aqueles breves momentos. Tinha razão no feeling que senti: eram dois bilhetes para um concerto da Rita Guerra, Aula Magna, 15 Fevereiro. Há muito que ela sabe que gosto bastante da Rita Guerra, de romântico lamechas que sou. Perguntei á minha filha para quem eram, adivinhando, alegremente, a resposta. "Para nós", disse-me, "Devia estar maluca quando os comprei, para irmos os dois juntos ao concerto, com as vergonhas que tantas vezes me fazes passar". E ali ficámos, prolongando a troca de sorrisos e aquele momento mágico, numa relação pai-filha maravilhosa, que me fez e faz sentir tão feliz.
Abraçámo-nos, bem forte, e como diz um amigo meu, num ponto sem tempo.
Pensei, nessa altura, quantos serão os filhos, com 18 anos, que convidam o pai a ir a um concerto juntos ou mesmo, como há pouco tempo atrás, me ligou para ir ter com ela e amigas ao Magnólia, tomar um café; recordei as vezes que me liga, em algumas das suas saídas à noite, perguntando onde estou, para ir ter comigo ou, inversamente, se quero ir ter com ela e amigos/as a algum bar ou discoteca.
Felizmente, tive uma infância e adolescência daquelas que se podem dizer super felizes, sem qualquer má recordação, pelo contrário. Olho para trás e sinto saudades, tantas, dos meus pais, das noites de natal, das festas, da ansiedade pela espera do Pai Natal, que, religiosamente, ia, furtivamente e em hora incerta, durante a madrugada de 25, deixar os presentes no sapatinho, ao lado do presépio e da árvore colorida e plena de luz.
Catecismo, primeira comunhão, profissão de fé, crisma, missa dominicais; foram tantos anos vivendo em tal atmosfera. Amor, muito amor, nem sempre traduzido em palavras mas presente; sentia-se, respirava-se, vivia-se, em todos os momentos. Naquela altura em que a magia da vida era como que um circo, repleto de palhaços, ilusionismo, animais, truques, música e palmas, muitas palmas; sorriso, muitos sorrisos.
Só que a ilusão não é eterna. Crescemos e vamos ganhando ao que normalmente se chama maturidade. Eu chamar-lhe-ia o "cair do pano", isso sim. Feiticeiros, varinhas mágicas, soluções milagrosas, afinal, não existem. Mas as coisas são assim mesmo. Não me queixo, de forma alguma. A Vida, amo-a. Choro, experimento sentimentos de tristeza, ansidedade, angústia, mas, igualmente, rio e deixo-me também inundar de ondas de felicidade, euforia, paz. É assim a Vida...
Por tudo isto, há tempos que coloquei o Natal no seu local próprio, no meu íntimo,ou seja, durante todo o ano... Aceito e entendo esta quadra, certo! Somos um país católico, apesar de tudo, e, como tal, muitos de nós acabamos por nos lembrar de Deus e pedir a sua ajuda apenas quando estamos em grandes trapalhadas. Mas é assim mesmo que as coisas são! Da Igreja, nem quero falar muito. Desculpo-a pelos erros que tem cometido ao longo dos séculos; afinal, é comandada por homens... E eu sou homem também, não me esqueço...
No entanto, a magia que vivi, de tão boa que foi, quero-a passar aos meus filhos, tenho-o tentado, missão esta bem complicada devido aos infelizmente naturais problema da vida. Por isso, o presépio, a árvore de natal e o sapatinho é sempre um must que tenho tentado incutir nas suas almas. Alguma vezes, vacilo mas acabo por vencer sempre. No ano passado, foi grave. Quase que me fui abaixo. O dia de natal passou e nada de árvore ou presépio. Não me sentia nada bem com esta situação. Até que, no dia - para mim célebre - 6 de Janeiro, por acaso dia de reis, em que se retiram árvores, presépios e tudo o mais, procurei uma árvore - prefiro as naturais - e encontrei, a muito custo. Fi-la, juntamente com o presépio e telefonei de seguida aos meus filhos. Imaginam vocês todos o que me chamaram! Maluco, claro! A verdade é que todos rimos, abraçámo-nos e, nessa noite, tivemos um jantar muito especial. Nunca mais vão esquecer, eles, do natal do ano passado. E, por certo, terão, por toda as suas vidas, mais uma história para contar do seu pai que, às vezes, é bem "maluco"!
Ah! este ano, já comprei a árvorezinha e tudo voltou ao lugar
Notinha: a foto que está em cima é o tal momento maluco do ano passado!
Deixo-vos com uma música de natal que, para mim, é, sem dúvida, uma das minhas preferidas. Enjoy e boas festas para todos!
Pois cá recebi o Vaio, em casa, e finalmente, desta segunda vez, perfeito. Por via das dúvidas ou não, o problema existente - barulho anormal da ventoinha - foi resolvido com a substituição da mesma.
E então, quanto tempo durou tudo isto? Foi assim:
1st Round Dia 5 - 4ª feira: Telefonema inicial para a Sony Vaio, Bélgica (chamada gratuita), apresentando reclamação. Dia 7 - 6ª feira: DHL, com embalagem adequada, impecável, vem levantar a casa o portátil. Dia 12 - 4ª feira: DHL vem entregar a casa o Vaio, "reparado". Não estava bom, verifiquei depois. 2nd Round Dia 13 - 5ª feira: Novo telefonema que fiz para a Bélgica dando conta da situação. Foi-me dito que a DHL viria a casa no dia seguinte para levar o pc. Dia 14 - 6º feira: DHL vem levantar o Vaio a casa Dia 18 - 3º feira: DHL entrega-me em casa o pc. Desta vez, impecável.
Resumindo esta experiência:
1st Round: 7 dias 2nd Round: 5 dias Total : 12 dias
Até que é rápido, sim, tendo em conta que a reparação é feita em França. E cómodo, uma vez que vêm buscar e trazer o pc a casa. Mau é por não podermos explicar o problema ao técnico, directamente, e, depois de reparado, podermos comprovar que está tudo ok, in the spot.
Quanto a upgrades que se queiram fazer no pc - como, por exemplo, substiuir o disco por um maior ou aumentar a memória - continua a ser mau, tendo em conta que temos que ser nós a fazê-lo, embora com a ajuda, por telefone, da Sony Vaio. Mas, como disse no post anterior sobre este tema, e quem não o sabe fazer? Como é?
Enfim... mantenho a minha opinião anterior. Sony Vaio, mais? Não obrigado! Prefiro pc´s com assistência em Portugal, em que se possa olhar nos olhos o técnico. Exemplos? HP, Toshiba, Asus (perdoêm-me as outras marcas que não as refiro aqui pois desconheço totalmente o seu serviço de assistência). Mas acho que é um ponto a esclarecer quando da compra/escolha de um novo portátil.
Notinha: Uma dúvida que tenho. Deve-se dizer "obrigado" ou "obrigada" ? aiii que ignorante que sou! Lá vou dizer outra vez (ver post anterior): Perdoai-me Senhor, porque sou um ignorante (só que a razão agora é outra! ihihih)
Agora que andamos por este período de Natal e o desejo de comprar brinquedos novos nos assalta, quero partilhar com vocês uma experiência "interessantíssima" que tive nestes dias.
Há muito que tinha, nas minhas fantasias, não eróticas, comprar ou um portátil Sony Vaio ou um Mac. Então, há 1 ano e pouco atrás, decidi-me por um Vaio pois, nessa altura, o Mac ainda não tinha a flexibilidade que tem hoje, ou seja, poder trabalhar ou com sistema operativo Mac ou Windows, embora prefira o Mac. Mas já sabemos que, ao nosso redor, só se vê Windows e daí.... you know...
Há dias atrás, tive necessidade de limpar o Vaio pois começou a aquecer bastante e ouvia a ventoinha de arrefecimento a fazer um barulho anormal. Liguei para a Sony Vaio - que é na Bélgica - e foi-me dito que em Portugal não existe assistência técnica e teria assim que mandar o portátil para França, onde é o centro de reparações europeu. Fiquei admirado mas ok, que fazer... O esquema então é o seguinte: a DHL vem buscar o portátil a casa, no espaço máximo de 3 dias, vai para França e o pc é-nos devolvido, em casa, em uma semana, ou seja, um total de semana e meia, mais ou menos.
E assim foi feito e assim aconteceu. Só que quando chegou, o tal ruído na ventoinha continuava e lá voltei a ligar para a Sony , na Bélgica. Complicado que foi explicar, ao telefone, a uma pessoa que não viu o pc, que o problema ainda se mantém. Dizia ela: "Tenho o relatório que a inspecção e limpeza foram gerais e que tudo está bem; pode encostar o telefone ao pc para eu tentar ouvir o ruído da ventoinha?". Desconfiado e incrédulo quase, lá encostei o telefone ao pc não acreditando que ela ouvisse alguma coisa mas, por sorte, lá ouviu um barulhinho ao que comentou que, realmente, algo de errado haveria. "Aleluia", pensei eu !
E, lembro-me agora, quando o problema passa pelo software ? Por exemplo, quando começa a aparecer aquele ecran azul dizendo memória física cheia, um driver que ficou maluco ou outras chatices que todos sabemos? Pois aí ou a ajuda é feita ao telefone ou então tem que ir para França; e aí, são tantas as vezes que depois não descobrem nada porque estas chatices nem sempre aparecem quando queremos. Seguindo a Lei de Murphy, só acontece quando não é preciso! Ou seja, não é possível falar directamente ao técnico dizendo o que o pc tem, mostrando, experimentando, exemplificando, tipo: "está a ver? é isto que lhe dizia!" (e eu pensando: vá lá, já estava a ver que agora é que nao acontecia nada!) Imagine-se o que tudo isto pode dar!!!
É a mesma coisa que sentirmos um barulho no carro ao travar, esquisito, às vezes apenas, e, em vez de irmos à oficina explicar o que se passa, termos que relatar a avaria a um técnico-comercial que está num escritório que, por sua vez, manda recolher o carro e entrega á oficina; aí, deixa-o passando a raclamação do cliente à oficina, sem mais explicações. O mecânico vai experimentar o carro e não encontra barulho nenhum, pelo que o devolve dizendo que os testes foram feitos e está tudo bem. Aí, o técnico-comercial manda entregar-nos o carro, telefonando e dizendo que está tudo bem. "Tudo bem? Tudo bem como? Então e o barulho? Não ouviram?" , perguntamos nós. "Nop!", diz ele, com ar triunfante e de dever cumprido, como que a fazer-nos dançar em pontas... Metemo-nos no carro e, passado um bocado, lá volta o barulho e sai-nos um "foda-se!" daqueles bem sentidos e soletrados! Lá voltamos a telefonar ao técnico-comercial dizendo que queremos ir nós à oficina e explicar. Só que nos dizem que tal não é possível. Aí, lá voltam a virem buscar o carro e a cena repete-se, com a garantia a chegar ao fim... etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc. (ah! o problema até era muito fácil de resolver; o tal barulho na travagem até era normal pois tratava-se do ABS a actuar. Mas se a pessoa não sabe, como é? Quem explica? Um disparate absoluto, não é ? Por mim, prefiro um Fiat com uma bela assistência, em que possa explicar ao mecânico o problema, a um Jaguar que tenha procedimentos idênticos ao Vaio. Lembro-me, quando tinha um HP e Toshiba, em que ia ao técnico, olhos nos olhos, explicava, ele via o que era, e tudo ficava bem.
Bom, e o resultado do meu caso ? : amanhã vêm buscar outra vez o pc para voltar para França e ser revisto. Imaginam os dias todos que isto leva, desde que se detecta a avaria até receber o pc já ok. Claro que, enquanto o pc estiver em garantia, não tem custos; depois de passados os dois anos de garantia, não sei como será a contabilização dos mesmos quanto ao transporte.
Ah! E tem mais: quando comprei o portátil, vinha com um disco de 80 gigas, pelo que perguntei se poderiam trocar por um de 160 gibas. Incrivelmente, foi-me dito que o centro em França que existe é apenas de reparações e não de upgrades. OK, disse eu, então onde o posso fazer? A resposta foi que não era possível; apenas eu comprando um disco rígido de 160 gigas num site que me indicarem e que deveria ser eu a abrir o pc e fazer a substituição. Eu até sei algumas coisinhas disto, mas e quem não sabe? E a garantia? Como é? E se for alguma coisa mais complicada que eu não saiba fazer? Pois... Não é possível, disse ela !!!! Ah!, e sem falar na instalação de todo o sistema operativo - Windows, neste caso - que teria que ser feito depois! Nem era possível fazê-lo pois o Vaio não traz cd de sistema operativo; ele vem integrado no disco rígido, guardadinho num espaço próprio. Mudando o disco, vai-se tudo!
Aqui fica o aviso...just in case...ao menos, assim, estamos informados antes de tomarmos qualquer decisão. Quanto a mim, não volto a comprar qualquer Vaio. Já tive HP e conheço pessoas com Toshibas e Asus e, quando é preciso qualquer assistência, resolve-se na hora, em Portugal.
Tenho-me envolvido com alguns textos em blogs, livros e no espaço que me fazem experimentar emoções cuja beleza me leva a mergulhar em cada palavra, fazendo-as minhas... Recordações, boas e más, tenho-as como todos nós e, particularmente algumas, gostaria de ter o engenho e a arte de as passar para este espaço, juntando letras dispersas e pontuação, capazes de nos levar a sentir todo o nosso ser apenas como se de um coração sem dimensões se tratasse. Mas não tenho, infelizmente. Sou sim um homem virado para os números mas capaz de chorar em face de qualquer injustiça, por mais pequena que ela seja. E luto, luto sem fim, permanentemente, contra não só injustiças mas também discriminações, sejam elas quais forem. Mas esta cultura de números que sempre tive - razões profissionais, como não podia deixar de ser - não me tem impedido de procurar novos caminhos construídos por pedras de amor; algo como num livro que retenho no meu íntimo, da Suzanna Tamaro, Vai aonde te leva o coração. Há algum tempo atrás, experimentei todas estas emoções através de uma carta sem destino, de alguém que vivenciou o amor, com as suas alegrias e tristezas. Por ser tão bela, reparto-a com todos vocês.
Escrevo-te para devolver tudo o que não deste...
Escrevo-te do lugar onde nos encontrámos e separámos. A velha estação de comboio, à beira das árvores despidas pelo vento, ao cair da tarde, ao cair de Setembro. O comboio que te trouxe e levou.
Escrevo-te daqui, do lugar onde disseste: ficarei para sempre. E partiste. A marca da despedida na última página do teu diário.
Do lugar onde estragámos a festa, espantámos a caça, atrapalhámos o trânsito. O lugar onde nos encontrámo e separámos: o Outono.
Escrevo-te do lugar onde marcámos o nosso desencontro.
Íamos de viagem e o comboio parou, durante dois anos, na estação mais sinistra do percurso. Ficámos ali sozinhos no centro do nada. Onde está o maquinista, os outros passageiros ? Nenhuma explicação, ninguém a quem apresentar queixa.
Encalhámos no Outono. Conhecemo-nos em Julho e já era Outono. Nunca saímos do Outono. Não houve Primaveras nem Verões nos anos do nosso amor. Ficámos suspensos a ver as árvores despirem-se. Olhei-te, confundido: porque nos atiraste para aqui?
Mas tu eras muito jovem e não ouvias. Estavas deslumbrada com a tua força. Paraste o mundo no Outono.
Ergueste uma barreira e conseguiste deter o próprio movimento do planeta.
Uma barreira de mentiras e ardis, de perfídias e cobardias, acinte e frio e vazio, tu que gostavas de brincar com palavras com muitos iis.
Escrevo-te do lugar onde humilhámos o Universo.
Para te devolver tudo. As carícias que esqueceste. As cartas que não escreveste. E as que nunca abriste. Escrevo-te para devolver tudo o que não deste. E as horas de desespero, de olhos fechados em frente ao mar. A espera inexorável e mesquinha, junto ao telefone. Escrevo-te para devolver a marca de esperança louca, na última página do meu diário.
Um cd de rara beleza que merece ser ouvido integralmente.
Terence Blanchard é natural de New Orleans, motivo principal pelo qual terá colocado todo o seu coração e sentir nesta obra de uma forma especial, ao ponto de ter incluído uma referência na capa do cd, "a requiem to Katrina". Interessante conhecer o seu site, onde se pode encontrar a explicação, em Biografia, para cada um dos seus 13 presentes temas.
Terence Blanchard segue um estilo hard bop, um tipo de jazz que incorpora influências de rhythm and blues, gospel e blues. Para mim, que não há muito me envolvi no jazz, é um estilo divinal e de fácil acesso aos ignorantes do jazz, como é o meu caso. Não existem os termos soft ou hard jazz, sei, mas, no meu íntimo, interpreto este cd como um caminho de soft jazz em direcção ao hard.
Perdoêm-me os "profissionais" do jazz este meu comentário que pode parecer - e é - de um analfabeto nestas coisas e incluir asneiras das grandes mas a verdade é que é dito do coração. E isso é que importa, digo eu.
O gostar tanto desta obra e não a encontrar na net em lado nenhum - limewire, e-mule, etc - fez-me viver uma experiência nova na vida: comprar o cd no itunes. Foi fácil e bastante prático; o preço foi €10 e fiz o download integral no momento. A qualidade é bastante boa: formato MPEG-4, ACC, a melhor, e com 256 Kbps, 44100 Hz. Vem com direitos de utilização incluídos, o que limita a transferência entre diferentes pc's de forma infinita (creio que 7 o máximo) mas que pode ser ultrapassado mudando o formato para MP3 ou WMA. Por precaução, já passei para cd audio, para ir ouvindo em qualquer local como, por exemplo, no carro.