Uma notícia fez-me recordar algumas cenas de séries televisivas americanas ligadas à saúde: doentes que davam entrada em hospitais eram, desde logo, questionados se possuiam seguros de saúde e, em caso negativo, como poderiam pagar qualquer assistência ou intervenção mais séria que lhes fosse feita. Tudo se faz nos USA, sim, mas desde que se tenha dinheiro.
O sistema de saúde americano passa por seguros privados de saúde, negociados pelas empresas para os seus empregados que queiram aderir e cujo valor mensal pago por estes será inferior ao cobrado aos europeus, por via de impostos. Um sistema privado, portanto. Para os pobres, idosos/aposentados, deficientes e outros, o estado suporta as despesas através de dois sistemas oficiais, controversos por razões diversas.
Foi por este motivo que fiquei surpreso ao ler a tal notícia - e num país deste, supostamente o mais desenvolvido do mundo – no American Journal of Medicine, em que dizia:
“60% de todas as ruínas financeiras nos Estados Unidos, em 2007, deveram-se a despesas de saúde e em que três quartos dessas famílias tinham seguros de saúde”.
Em outro local, raparei nos valores anuais que os médicos por lá ganham, em média, anualmente: € 146.131 no caso de médico de família, € 258.292 um cirurgião e € 445.593 um neurocirurgião. Isto para não falar nos valores altíssimos cobrados pelas clínicas e medicamentos.
Na Europa e em Portugal, em particular, é o que sabemos. Diz a nossa constituição que todos temos direito a assistência de saúde gratuita, digna e eficaz e eficiente (esta de “eficaz e eficiente” são palavras minhas que tirei do sentido geral do tal artigo da constituição). Bullshit! ou então Kiss my ass! como dizem os americanos. Em português, ora foda-se!
Há uns tempos, a minha filha partiu uma mão e, apesar de ter uma família de médicos, não quis recorrer a nenhum deles. Porque (1) não gosto de pedir favores (2) quando se pede um favor, depois nunca se pode reclamar (3) fica-se em posição frágil a partir daí, tipo depois a ouvir, mesmo sem palavras “you owe me one” (4) nunca gostei de “cunhas”. E então fui a um hospital público, ou seja, serviço nacional de saúde.
Resultado: minha filha teve que ser operada. Puseram-lhe uma chapa a unir um osso partido. Foram meses de intervenções diversas e esperas sem fim. Depois de tudo tratado, uns tempos depois, começaram a aparecer-lhe dores. Voltámos ao hospital. A solidificação tinha sido mal feita. Era necessário partir o osso, retirar a chapa, recomeçar tudo de novo. Claro que fugi dali a setenta pés e lá fui falar com um médico da minha família que trabalhava num hospital privado. Teve que se partir o osso sim mas acabou por se resolver tudo e bem.
Enfim… armei-me em poeta idealista e o resultado foi o que foi. Isto no meu caso. E as outras pessoas que não têm alternativa…? têm que comer e calar…
Dia hoje dos espantos: como é possível o Cavaco aceitar marcar eleições paras as legislativas e autárquicas em dias diferentes, 27 de Setembro para as legislativas e 11 outubro para as autárquicas? praticamente, com 15 dias de diferença. Para algumas coisas, as economias de recursos são importantes. Para outras, não (como dizia ao Almeida Santos). É tudo relativo, dependendo dos interesses de cada um.
Como diz um amigo meu…. E assim vai o mundo… e eu acrescento (mais uma vez): Ora foda-se !!!