Notícias: 100.000 mortos num tremor de terra; ambiente continua a degradar-se; guerra pelo mundo continua a provocar mortes sem conta; taxa de ocupação de hotéis e motéis aumenta significativamente pela hora de almoço em dias de semana; justiça continua sem funcionar; taxa de adultérios sobe sem parar, acidente na auto-estrada provoca 12 mortes; pobreza aumenta e população em países mais pobres morre de fome; etc etc etc.
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E perante tanta coisa destas, quem se importa ? Uma ou outra questão que nos pode ficar retida na memória por um pouco mais... taxa de ocupação de hotéis e móteis aumenta à hora de almoço ? Taxa de adultérios sobe sem parar ? huummmm... olha os marotos !, pensa-se, com um sorriso nos lábios - cúmplice ou não - que denuncia um devaneio do tipo "pois não deviam mas já se sabe que acontece e até tem alguma gracinha... é a vida, que sempre assim foi e continuará a ser". E, mesmo, quem sabe, pode-se sentir alguma pontinha de inveja por não se fazer parte dessas estatísticas". Mas tudo isto sem grande preocupação pois tudo isso passa-se lá por fora, num mundo que não o nosso.
E então um dia, batem-nos à porta do nosso coração. Correio que nos informa que essa pontinha de inveja já não existe. Já fazemos parte das estatísticas. Só que não como fantasiámos. Neste caso, fomos os outros, os que não sabiam. Os que não gozaram. Os que não estavam preparados para abrir tal carta. E o mundo cai-nos em cima.
E depois, o que fazer ? Hastear a bandeira do orgulho de macho ou fêmea ferida e gritar um "não te quero ver mais à minha frente" ? E quando a relação é boa, uma queca ocasional justificará tal decisão ? dir-se-à: claro que sim pois a confiança perdeu-se e não consigo viver assim. Ou será que se reflecte, deixa-se amadurecer, limpam-se as chagas e continua-se em frente, recuperando forças até ao próximo embate ?
Será que, se fôr apenas uma queca, ocasional, sexo puro, em que não exista qualquer relação continuada e séria que possa ameaçar o nosso castelo, se tornará mais fácil absorver o embate ? Ou será indiferente ?
E que acontece se nos fôr dito directamente, num acto de sinceridade ? "olha, hoje, ontem, há dias, whatever, dei um queca ocasional e tive que te dizer pois não quero esconder nada de ti". Qual a nossa reacção ? A sinceridade fala mais alto ? Ai já não se coloca a desconfiança mas sim e apenas o ciúme ? Ou então, dizemos: "vou fazer o mesmo para ver se também gostas e depois conto-te".
Recordo um diálogo de um filme, algo assim (eles estavam na cama):
- Ela: diz amor, a juíza dá-te tesão ? querias fodê-la ou já a fodeste ?
Ele: nem pensar nisso. apenas a vejo como qualquer pessoa.
Ela: vá lá, eu sei que ela é muito atrevida e que os homens sentem tesão por ela. diz que eu não me chateio.
Ele: não, já te disse que não. nem pensar.
Ela: oh, com uma mulher daquelas, não me admiro nada que gostasses de a foder. diz lá (dando-lhe beijinhos)
Ele: bem, é verdade, tem um belo corpo, nunca a fodi mas gostava (diz ele sorrindo e chegando-se a ela).
Ela afasta-se e já não quer nada com ele, mostrando uma cara de ofendida e enganada.
Ele: então? que aconteceu ? porque estás assim ? contei-te, não foi? disseste que não te ias chatear.
Ela: não quero saber. não fales comigo.
Ele: preferes que te minta ? não disseste que preferes que te diga sempre a verdade ?
Ela: e prefiro sim!
Ele: preferes como ? disseste que não te ias chatear e agora é o que se vê. Dá vontade é de mentir.
Ela: pois mente e mente bem porque se te apanhar nem sabes o que te acontece!
Viram-se, cada um para seu lado, e tentam dormir. o que acontece já muito tarde. Embrulhados nos seus pensamentos.
E agora ?
que pensar sobre isto tudo?
pois eu diria o seguinte...
1. Temos que estar preparados, desde sempre, para entender que não estamos sózinhos no mundo e, como tal, estamos sempre sujeitos a situações destas. Faz parte da condição humana, quer possamos aceitar ou nao.
2. Preparar-nos para o embate e sermos inteligentes na sua gestão. Pode doer sim, mas the bottom line é o que conta na verdade. Não falo de cor pois já passei pelas duas situações: já fui o malandro mas também já recebi a carta.
3. Pode ajudar um bocadinho pensar nos seguintes termos: bom, eu já dei a minha queca por fora, ocasional, e isso influenciou alguma coisa quanto ao eu gostar dela ? Nada mesmo! Foi gozo puro. Assim sendo, ela poderá também ter sentido o mesmo. Vou pôr o orgulho de macho/fêmea ferido/a de lado e seguir em frente. Claro que aqui é importante as condições em que se soube da carta. É que realmente a confiança é daquelas coisas que não se podem perder. Nem é uma questão de perdoar ou não mas sim ser ou não capaz de viver num ambiente de confiança perdida. E contra certas coisas, não se pode lutar, como por exemplo, contra o coração.
4. Preferimos uma mentira/omissão perfeita que nunca se descobre ou a verdade ? Atenção aqui porque depois de termos a verdade nas mãos, ela por vezes queima e não sabemos o que lhe fazer. E uma vez a verdade nas mãos, já não tem devolução possível. Por mim, prefiro sempre a verdade mas isso sou eu que tenho uma maneira muito particular de sentir estas coisas. Sexo para mim é e sempre foi algo que tem tanto de natural como de especial. Diferente dos sentimentos que uma relação continuada comporta.
5. Tentar descobrir a dúvida máxima que nos tem acompanhado desde sempre ? Privacidade! A nossa própria privacidade! Onde começa e acaba ? O que será nosso apenas e o que será de partilhar.
6. Gaiola sempre com porta aberta. Prisões resultam em equilíbrios instáveis. e tudo o que é instável acaba por cair, mais tarde ou mais cedo.
7. Manter sempre uma relação bem viva e aliciante. Quando isso não acontece, maior a probabilidade de receber a carta. Mas também tem vezes em que essa relaçao é viva e aliciante e no entanto acaba por acontecer na mesma. Só que assim, por certo, o risco será menor. Se não for boa a relação, pode-se estar sujeito não um sexo inconsequente mas sim de o/a "malandra" se apaixonar por alguém e acabar tudo. É que sexo é apenas sexo: começa e acaba. Quando é algo mais, não acaba.
8. Claro que nas relações ditas abertas - em que o sexo ocasional é permitido, por ambos, com terceiros - estas questões nem se colocam. Mas isso é outra conversa que não cabe aqui.
20 comentários:
Pois!
Existe momentos para tudo, e depende sempre das pessoas, da relação.
Mas acho que já disse isto por aí, a traição de sentimentos magoa-me muito mais que outra.
Ou seja, estarem comigo a pensarem noutra, e não falo em termos sexuais, falo do coração, isso não suporto e magoa-me realmente.
Uma traição pelo sexo em sim, não é algo que goste é claro, mas penso no assunto, com possibilidade de tentar seguir.
E claro está como referi que tudo depende do que dou e espero, do que baseie a relação, e do que espero dela.;)
Um tema sempre polémico, e interessante.;)
Beijooo nino
este post está excelente. nem sei que mais dizer.
parabéns
beijo
preso por ter e por não ter!
"....não estamos sózinhos no mundo e, como tal, estamos sempre sujeitos a situações destas...."
Quem parte deste princípio, tudo pode acontecer, realmente.
"Gaiola sempre com porta aberta." ... e messenger ligado.
Sempre a verdade, e com as consequências.
A mentira, mais tarde ou mais cedo, se apanha.
Enfim....
Deprimente.
Como em tudo, há casos e casos, aqui é generalista, como sempre.
Se a relação entre duas pessoas é sexualmente ousada e tem lugar para jogos de swing, trios, etc, pode ser que uma traição seja encarada com mais violência. Não?
Pois a sinceridade é muito boa,mas aceita-la é que nem sempre temos capacidade para tal,quando entrei na adolescencia dizia que não me afectava a traição fisica e que o que interessava era o amor,bla,bla bla,assim quando me aconteceu,claro que não fiquei satisfeito,mas como sou daqueles que assumo o que digo,ultrapassei a situação,mas como a inteligência esta em mudar o que não queremos,tive a partir dai uma postura diferente,não traio,logo não aceito traições,como uma relação não é um contrato vitalíco assim que não se gosta,só ha que assumir por muito que doa na altura,e doi,mas traição fisica ou não....fora de questão.
Mas esta aqui um tema que dá para muita converssa,PARABENS.
um abraço
Acho que ninguém está preparado para tanta sinceridade...
Independentemente do que se faça ou se diga a carta pode sempre aparecer, ao que parece estamos todos sujeitos a isso...é triste...
Não suporto traições sejam elas quais forem...
Bjo
Sem lealdade não há relação possível. E quando ela existe, tudo é possível...(isto a propósito do diálogo do filme)porque não usar essas "confissões" para soltar a imaginação e partilhar fantasias? É um bom estimulante...com a vantagem de ninguém ficar zangado, nem trair ninguém, antes pelo contário, é mais um capítulo que se avança na intimidade a dois ;)
Há verdades que não se fazem. Há mentiras que não se deixam nascer, isso é a base de uma boa relação.
Sabes o que eu não entendo...porque é que fazemos perguntas que não queremos saber as respostas??? Eu sou prisioneira dessa estupidez...volta e meia armo-me em muito à frente e faço perguntas pensando que as respostas não me vão magoar e...vão! Claro que à pergunta que faço e depois de uma resposta má (que não me agrade) lá vem o meu mau feitio e venho com uma 100 vezes pior do que a que ouvi :).
Realmente há coisas que secalhar mais vale nem pensarmos nelas e muito menos perguntarmos.
E tenho dito ;).
Abreijos
P.S. - Sobre o teu comentário no meu cantinho, acredita que não brinco com aquilo, aliás os meus empregos de há uns anos existem por causa dessa situação. Respeito muito o trabalhinho ;).
olha, entre o trair e o ser traída custa sempre mais ser traída, claro!
Já passei pelas duas e quando recebi a carta acredita que nem me lembrei que tinha feito o mesmo.há coisas que são muito difíceis de aceitar. O ser humano não gosta de ser traído, torna-o mais fraco e frágil. :(
É a natureza humana...
Bjokas
Bem , estavas inspirados, pois misturaste tantos temas num post só que nem sei o que dizer. Digo que a verdade é que cada um se preocupa mais consigo próprio do que com os outros, mesmo com os que morrem, que sofrem...
Beijos da Bela ou do Monstro, como preferires...
"Gaiola sempre com porta aberta. Prisões resultam em equilíbrios instáveis."
;-)
Passei só para deixar um beijinho
Que post maravilhoso!
Adorei!
Beijos prometidos
É por isso que não faço perguntas :-))
Li isto e fiquei de boca aberta!
Aqui estava um bom artigo para uma revista... dá que pensar!
Bem... temos que tar preparados para tudo. Não pertencemos a ninguém e ninguém nos pertence e cada vez mais traições acontecem e um dia pode ser á nossa porta por mais que tentemos um relacionamento saudável!
Texto perfeito!
Bjs.
Depende de quem mostra a carta: o marido/mulher (sempre), o(a) amante (com alguma frequência) ou os(as) amigos(as) coloridos(as) (esporádicos). No 1.º caso, o nosso companheiro tem todo o direito de, se não perceber/desconhecer algo, mostrar a carta, embora não o deva fazer pois o gozo da(o) parceira(o) é o gozo de ambos e só tem de esclarecer o que não percebe. Quanto aos amantes e amigos(as) coloridos(as), mal digam o que quer que seja nesse sentido, nem hipótese lhes dou para avançarem mais, mostro-lhe eu a carta de despedimento por justa causa. Estão em transgressão, sabem o que se passa, o seu lugar tanto pode ser o 2.º/3.º/ ou 58.º e ainda se indignam? Com o quê? A sua função é dar gozo, puro gozo e quando estamos com eles, bem-estar. Saem fora das suas funções, RUA, afinal há por aí muita gente para os substituir…))))
Pobre gata gaiola sempre aberta!? Prisões!? Equilíbrios instáveis!?
Mal sabe ela no que se está a meter. Aguardaremos notícias MIAUUUUU
Um bj para ti, texto muito bom
Querida!!!
Deves querer viver num inferno e numa angústia constante.
Eu cá vivo no paraíso, faço o que quero, o que me apetece, com quem quero e ainda gozo com as que o meu dá! Queres mais?
Olha uma gaja feliz!
looooooooooooooooooooooooooooooooooool
Abelhinha suave, mais uma anónima, mas com nome!
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